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sábado, 10 de novembro de 2012

Palhaço Triste


Era noite de estreia da temporada do circo na região, todos estavam felizes. A pequena cidade parou. Crianças, adultos e velhos, não importava se homens ou mulheres, formavam infindáveis filas na porta do circo. A alegria tomava conta. Todos à espera da grande atração, o palhaço Pagliacci.

As palhaçadas eram aplaudidas de pé, as crianças o amavam e os adultos iam ao circo esquecer as mazelas das suas vidas simples. Cada ida ao circo era uma renovação e a notícia se espalhava. Um elixir nestes tempos difíceis. "Pagliacci faz nossa cidade mais feliz", estampava o jornal.

O médico da cidade, que levara seu filho várias vezes ao circo, teria um cliente inusitado naquela noite. Um homem com olhos tristes interpelou-lhe angustiado entre uma consulta e outra dizendo estar cansado das pessoas. Este mundo me parece cruel, dizia ele. 

 - Me sinto só, doutor. Preciso sorrir um pouco mas não encontro uma saída. Eu vejo um futuro incerto e isso me aterroriza.

Eis que o doutor tem uma ótima ideia.

 - O tratamento é simples, meu jovem rapaz. A nossa cidade está recebendo a visita do grande palhaço Pagliacci. Passe no circo e se divirta um pouco, você parece precisar. Não tem quem o veja e não ria. Você se sentirá melhor.

Então o homem cai aos prantos nos braços do médico:

- Mas doutor... Eu sou o palhaço Pagliacci.

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